» nonagésimo terceiro

Os relacionamentos já não são como os de outrora.
Hoje em dia, um individuo que não seja bissexual é quase apontado como um erro evolutivo. Alguma coisa falhou para não se ter dado o upgrade.
Está na moda ser-se bi. Yeahhh baby, dupla possibilidade de engatar, quem é que não quer? É quase como que uma desculpa para a promiscuidade a que cada um se sente obrigado. Sejamos bissexuais e poderemos foder o quanto quisermos sem ter que dar satisfações e sem correr o risco de ficar com a mala à porta de casa.
– Eu sou assim mesmo, bi, é a minha natureza. Não há como me controlar! – dizem eles, à boca cheia.

Tenho uma amiga hetero que se envolveu com um gajo bi e eu bem sei a puta da loucura que aquilo tem sido!
Mas depois, tem o outro lado. Para além de o partilhar com outro homem, completamente doido por sinal (personagem daquelas das novelas), vê-se envolvida em tramas cheias de drama e de confusões que ninguém merece. Até mesmo para ela, que até aceita a relação a 3, a coisa tem dias que fede mesmo.

A ultima proeza do rapaz é digna de um prémio da academia, ainda por categorizar. Depois de uns 5 dias sem lhe dizer nada, liga-lhe:
– Tu tás chateada comigo não é?
E a minha amiga, ingénua que só, respondeu-lhe que achava ser o contrário já que tinha sido ele a não dar noticias.
– Estás chateada comigo sim, a outra já te deve ter contado que mudei para a casa do A..
E assim cai uma bomba.
Ainda no mês passado, tinha-lhe prometido que até ao final do ano estaria livre do outro. Ela que ficasse descansada porque os planos de ambos seriam realizados a partir daí. Em vez disso, e duma hora para a outra, foi viver com ele!
Que se lixe a puta da loucura! Puta que o pariu, mas é, a ele!

14 responses to “» nonagésimo terceiro

  1. Bro,

    O tema tem, quase literalmente, necessidade de pano para mangas.

    Genuina por si só, e válida pela sua autenticidade, a bissexualidade não é um monstro. Não mais do que a heterossexualidade, ou do que a homossexualidade. Desconfio, porém, que muitas alminhas pouco corajosas se refugiem na bissexualidade como meio termo mais ou menos aceitável que lhes permite introduzir o assunto da homossexualidade gradualmente… para que a ferida nos outros seja infligida com o mínimo de dor possível.

    Nenhum Homem é uma ilha e todos nós sentimos necessidade de acolher em nós a aceitação do outro. Porém, esta aceitação muitas vezes é conseguida à margem de nós próprios.

    Seja como for, estes são, à luz do tema que desenvolves, outros quinhentos.

    Independentemente da orientação sexual de cada um, é um facto inegável que, quando cada um quer, cada um mente, cada um se acobarda, cada um deixa nas mãos do outro a culpa que também é sua.

    Acreditar que um gajo vai trocar outrO por mim é tão escusatório como acreditar que um gajo vai trocar outrA por mim. A bissexualidade aqui, no seio da traição, é quase irrelevante, a meu ver.

    Não caberá a todos nós, em plena consciência do mundo em que estamos inseridos, procurar as nossas próprias defesas para potenciais delitos, mais do que procurar culpas externas que, no fundo, e por muito que possam explicar uma determinada dor, não ilibam o/a próprio/a das decisões tomadas por ele/a mesmo/a?

    Acreditar em alguém é apenas isso: acreditar. Não é de todo, nem inevitavelmente, fazer da crença uma categórica verdade, esquecendo que nos outros encontramos as mesmas fraquezas que em nós próprios.

    Não estará o sabor da vida provável precisamente no reconhecimento que ela é feita por nós também, e não apenas pelos outros?

  2. bro,

    A bissexualidade não é, certamente, um monstro! Que hipocrisia seria a minha se assim a tratasse? Não, de todo.
    Aqui a questão fulcral é baseada em dois pontos:
    – o incumprimento associado ao compromisso, ainda que para uma relação a 3;
    – o refugio na bissexualidade como desculpa para os erros continuados, os que já aconteceram e os que ainda estão para vir (porque eles continuaram a aparecer).

    Faço uma analogia.
    Vamos pensar na relação que existe entre mim e o nosso governo, por sua vez relacionado com uma grande empresa com fundos aplicados em off-shore.
    O governo aumenta-me os imposto e eu comprometo-me a pagar cada tostão a mais no intuito de um futuro mais risonho. Por outro lado, porém, nada é cobrado sobre os milhões que a empresa tem aplicados lá fora. A ideia era todos pagarem, de igual forma.
    Eu aceito esta relação a 3, mas dêem-me razões para acreditar nela e para querer mantê-la. Não quero ser o trouxa, mais um elemento do povo que lava no rio que continua a ser enganado por um governo que só sabe fazer isso, ainda que o compromisso fosse outro.

  3. rapaz,

    entendo. os pontos de vista são sempre diferentes, porque vemos as coisas a partir de localizações distintas.

    eu não me quis armar em caçador de bruxas. apenas vi a coisa por um prisma que me fez lembrar um pouco as histórias do coitadinho.

    cada um saberá com que linhas se alinhava. qualquer comentário exterior será sempre tendencioso e arriscado.

    truce?

  4. Desses, apesar de serem do chinês, já tenho uns quantos e mesmo assim…
    Não é por aí bro. Estou é a precisar de voltar ao Centro Espirita do Pai João do Dafundo para surgir como um novo homem!

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